segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

D. Cleusa

foto: Éddio Junior

Esperança
As composições e a fé de D. Cleusa
Lídia Basoli


“Venha ver o arco-íris, o inverno enfim, depois de um longo tempo terminou”. Esses versos simples e profundos foram feitos pela compositora Cleusa Maria Pereira , 49 anos, para o filho caçula, Lucas, quando este nasceu.
D. Cleusa compõe desde criança e conseguiu tirar da música a força para viver. “Foi a música que me deu força na vida para continuar a viver”, diz a senhora que ajuda na caridade e vende água de côco pela cidade de Marília.
A senhora de sorriso largo é uma daquelas pessoas cheias de fé e esperança, com um brilho no olhar próprio de quem já sofreu muito, mas que ainda acredita na beleza da vida. “Eu acho que para compor uma música, a gente precisa passar por algumas coisas mais difíceis, porque a poesia também vem do sentimento”, ressaltou.
D. Cleusa veio de Assis há um ano e meio em busca de um sonho. “Eu queria registrar minhas músicas, ter certeza de que o que eu fiz seria meu mesmo”. E deu certo. Chegando aqui, logo começou a servir sopa para os mais necessitados e arrumou um emprego vendendo água de côco. Um dia passou na empresa Darre Moreira Marcas e Patentes e registrou suas músicas na Biblioteca Nacional de Música. “Quando a D. Cleusa chegou aqui, ela tinha consciência do que estava fazendo e queria registrar suas músicas com muita humildade. Eu percebi que era um sonho dela”, afirma Soraia Souza Cardoso, gerente da filial Marília.
E assim foi feito. Músicas evangélicas de autoria de D. Cleusa estão agora registradas. “Para mim essa é mais do que a realização de um sonho, porque em Assis, apesar de eu ter apenas o estudo primário, fiz aula de música na academia com o maestro Evaldo Flores e aprendi a compor e agora as músicas são minhas mesmo”, diz orgulhosa mostrando a partitura da música “Alfa e Ômega”, musicada pelo maestro.
“Essa música eu fiz em um dia de muita conversa com meus filhos e estava muito difícil sabe? Daí eu olhei para o céu e vi a beleza da natureza, o que me deixou muito feliz. Então eu compus a música”, contou sobre a música que ressalta o amor de Jesus.
Infância difícil
Desde quando nasceu as coisas não foram fáceis para D. Cleusa. Filha de uma família muito simples, desde cedo trabalhou com reciclagem de lixo. “A gente estava desde o começo na luta por um mundo melhor e tirávamos nosso sustento do lixo, com muito orgulho”, fala.
A arte parece ser latente porque desde criança a compositora faz poemas para esquecer a tristeza e alegrar a vida, além de homenagear os amigos. “Eu até fiz um poema para o pessoal da coleta seletiva de Assis que diz assim: ‘vamos cuidar dessa terra, aprender a preservar, tirar os lixos dos mares e rios e aprender a reciclar’”, cantarola.
D. Cleusa diz que não tem muita ambição na vida. Ao ser questionada sobre um dia ficar “rica” ela diz; “eu não quero ter muito dinheiro não, só o suficiente para ter uma vida digna, sustentar minha família e viver da música”, fala a senhora cheia de sonhos que já escolheu até a capa do CD se um dia gravar um.
“Será uma águia, a imagem de uma águia descendo na terra porque é a imagem mais falada na bíblia e também porque tem a ver comigo. A águia não se deixa destruir e eu também não. Sou uma guerreira e sei que vou vencer na vida e ajudar as pessoas e minha família com a minha música”, se emociona.
Despede-se com um abraço apertado e um olhar cheio de alegria, o que não falta para D. Cleusa, o que falta mesmo é um patrocínio, uma ajuda. “E eu sei que vou conseguir porque trabalho com muita honestidade e também tenho muita fé”, finalizou.

Contatos: (14) 9688-6136
matéria feita dem dezembro de 2009

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