segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Aloísio Silva




fotos: Alexandre Lourenção
Modelando talentos
Aloísio Silva expõe os trabalhos realizados na Oficina Cultural
Lídia Basoli


Escultura, pintura e modelagem. O artista plástico Aloísio Silva se envereda pelas artes, assim como quem anda calmamente. Dono de um sorriso fácil, Aloísio conta que sempre gostou de pintar, mas que só em 1971 começou a realizar o sonho.
“Eu fiz um curso de pintura com Braz Alécio e de escultura com o Rochap e de lá para cá não parei mais”, conta.
Aloísio ministrou oficinas de modelagem em argila no projeto Tarsila do Amaral e agora está com exposição aberta à visitação no Centro Cultural Brasil Estados Unidos de Marília. “Ver uma exposição pronta com os trabalhos dos alunos é gratificante. Não há o que pague”, afirma o artista que diz também que qualquer um pode fazer arte. “Basta querer”.
Na exposição, há figuras abstratas, personagens fictícios, bem como formas naturais de animais e outros objetos do cotidiano. “Buscamos com a proposta, oferecer técnicas de manuseio e modelagem em argila, difundindo a valorização de mais uma linguagem artística e despertando o interesse pela arte da modelagem e escultura”, explicou Milena Deganuti de Mello, coordenadora da Oficina Regional.
Pinturas temporais
Ao fazer o curso com Braz Alécio, Aloísio Silva escolheu seguir o caminho da arte primitivista, ou arte naif, a mesma seguida por um dos artistas que ele mais admira, o Ranchinho de Assis.
“Acho o Ranchinho uma figura fantástica, conhecida internacionalmente e trouxe para nós uma referência nova na forma de pintar”, fala.
Aloísio dedicou-se à pintura acadêmica, passou pelo moderno, abstrato e por fim, priorizou dedicar-se ao primitivismo ou arte Naif. Expôs trabalhos na Holanda e no Japão, tendo ainda recebido convites para outras exposições de sua obra no exterior.
Em casa, Aloísio tem um pequeno ateliê onde ele faz suas obras e dá oficinas. “Aqui eu pinto o que eu quiser e também faço esculturas. A arte nesse espaço se mistura”, diz rindo ao mostrar que ali tinha quadros que ele ainda não expôs, desenhos e pinturas de alunos e esculturas.
O lugar é pequeno, mas a arte de Aloísio não. Os temas dos trabalhos são bem atuais com o quadro “Pandemia” onde ele dá vida à gripe suína e ao pânico que assola o país. No outro quadro “Onde estão as crianças?”, Aloísio mostra o parque vazio e as crianças na Lan House. E tem também “Os males do nosso tempo”, um quadro duplo que conta a história do que estamos fazendo com o mundo hoje.
Um detalhe curioso é que a maioria dos quadros possui balões de fala, tal qual as histórias em quadrinhos. Um recurso que Aloísio achou para ser mais temporal ainda. “Eu gosto de retratar o que está acontecendo no mundo hoje, isso é importante para a arte”, ressalta.
Ele mostra as pastas com os lugares onde já expôs que inclui uma mostra na Alemanha, na Bienal e no Sesc Piracicaba. “Eu fui ao Sesc e fiquei de queixo caído com tantos artistas de renome e tão maravilhosa exposição. O incentivo é importante nessa área”, afirma o artista pouco conhecido em Marília.
A Revista História Viva, da Duetto Editorial destaca a obra de artista mariliense Aloísio Dias da Silva, “Festa Junina” em óleo sobre tela, 2006, ilustrando matéria com tema “Festa Brasileira é Lusa, Indígena e Negra”.
Suas obras já viajaram o mundo e o nome de Aloísio está em catálogos em várias partes do país. “Isso é bom porque assim ficamos reconhecidos e temos mais força para continuar a pintar”.
O apoio da mulher e dos filhos também foi fundamental para que o artista vivesse da arte e tivesse assim um espaço melhor e maior para crescer. Aloísio Silva fala três línguas e foi o destaque do catálogo das Oficinas Culturais de 2008. “O artista tem que pintar tudo, tem que se dedicar mesmo”, afirma.
Despede-se dizendo, “venham fazer minhas aulas, garanto que não vão se arrepender. Todo mundo tem um artista dentro de si, só temos que trabalhar ele”.
E nada melhor do que um grande artista para descobrir os artistas que homens têm dentro de si. Aloísio Silva é arte.
matéria feita em agosto de 2009.

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