segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Andar com fé eu vou


*fotos: Alexandre Lourenção

Destino
Andar com fé eu vou
Há 12 anos romeiro viaja de bicicleta pelas Américas levando testemunho às igrejas

Lídia Basoli

José Ferreira da Silva. O nome é simples, mas os sonhos são grandes. Um nome como outro qualquer, mas um desejo muito diferente.
Nascido na Bahia e criado em Fortaleza, José Ferreira da Silva está, há 12 anos, cumprindo uma promessa: viajar o mundo em uma bicicleta para alcançar a graça que teve.
Em 1985, o pai de José sofreu um acidente e parou de andar. Depois disso, uma promessa foi feita. “Eu prometi a Nossa Senhora que se meu pai voltasse a andar eu viajaria toda a América de bicicleta”. E eis que 1997, o pai de José levanta e caminha pela casa.
“Foi um milagre, uma benção meu pai voltar a andar, por isso, peguei a minha bicicleta e parti rumo ao mundo para agradecer a graça recebida. Faltam ainda 5 anos para que a promessa seja cumprida, mas eu vou chegar lá”, diz.
José tem 56 anos e já percorreu toda a América. Veja bem, América do Norte, Central e do Sul. Esteve em vários lugares e conheceu personagens incríveis nessas andanças.
O primeiro jornalista que o entrevistou, contou orgulhoso, foi Cid Moreira em 1985, quando José fez a promessa. De lá para cá já apareceu em vários canais e programas de televisão. Sempre com uma fé inabalável.
“Eu sempre tive muita fé em Nosso Senhor, então passo de cidade em cidade, país em país pregando a palavra de Deus e contando o milagre que aconteceu com meu pai”, enfatiza o “Peregrino Missinonário da Paz”.
Histórias curisosas foram acontecendo ao longo da viagem com José. Fatos que ele nunca vai esquecer.
Encontros
Em uma das suas passagens, enquanto ia a Curitiba, José foi abordado na estrada por dois homens que já o tinham visto na televisão. Recebeu uma boa quantidade em dinheiro para ajuda e agradeceu, pois como relatou, manter a bicicleta equipada custa um tanto.
Contudo, logo ficou sabendo que os homens que lhe ajudaram eram bandidos que estavam fugindo e acabaram morrendo em um tiroteio.
“Dá para imaginar algo assim? Deus tem os seus propósitos na vida, achei que seria pecado ficar com o dinheiro depois que fiquei sabendo quem eram, mas eu não sabia que eram fugitivos e o dinheiro veio em boa hora. Todos têm sua missão a cumprir”, afirmou o peregrino.
Nessas aventuras pela vida, José aprendeu a falar três idiomas e foi recebido e diplomado como cidadão honorário em vários lugares em que esteve. “Para mim valeu à pena até agora. Tenho aprendido muito nessa minha viagem comigo mesmo e com as pessoas pelo mundo afora”, relembra.
José não tem filhos e nem família. Chegou à Marília no começo de julho e fica até amanhã. Questionado se se sentia um herói por levar fé às pessoas que ele nem conhecia, José responde; “olha, eu não sei se sou um herói, ainda tenho muito a melhorar como ser humano, mas acho que para o meu pai eu sou um herói sim”, destacou.
E é isso que importa. José pretende ir para a Europa ainda esse ano e fazer um livro com os relatos dessa viagem que, como diz José, “se Deus quiser, irá durar 17 anos”.
E é claro, também pretende reencontrar o pai em Fortaleza em 2014. “É o que mais quero na vida”, diz emocionado.
Na garupa da bicicleta a bandeira do Brasil, do nordeste, uma caixa com o cobertor, as honrarias, a barraca e a fé de José. “É aqui que eu levo tudo”, reflete.
E leva mesmo.
matéria feita em julho de 2009.

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