sábado, 3 de abril de 2010

Hip Hop







Música
“Expresso Verdade” lança clipe e reafirma o Rap
fotos: Alexandre Lourenção


Lídia Basoli

Pensar a diversidade musical hoje requer que as pessoas se abram para o novo, conhecer novas músicas e ideias, mas principalmente se despir de determinados preconceitos. O Hip Hop, por exemplo, é um estilo que permite conhecer melhor a sociedade e as diferenças culturais que rodeiam os espaços e é formado pelo Mc, o Dj, o grafieteiro e o B. Boy.
E Marília tem bons representantes em todas essas áreas. No cenário musical uma dupla de Mcs vem se destacando na cidade: os irmãos Rodrigo e Tiago (Colosso).
Donos de ideias concretas e transformadoras, os irmãos fundaram o grupo “Expresso Verdade” que leva mensagens de paz, família e amor e sonhos a diversas pessoas.
Num estilo ritmado e com muita categoria musical, Rodrigo e Colosso começam a aparecer na cidade depois de 11 anos de luta.
“Desde criança a gente gosta de música e principalmente de Rap, e sempre soubemos que com um tanto de boa vontade e muita disposição a gente ia conseguir vencer”, ressalta Colosso.
Os irmãos já foram grafiteiros, mas a música falou mais alto quando eram crianças e viram os primeiros shows de rap. “Aquilo nos tocou muito e hoje podemos dizer que estamos construindo nosso sonho”, fala Rodrigo.
Em 1999 formaram o grupo “Expresso Verdade” e a partir disso não pararam mais. “Fizemos várias apresentações na cidade e na região e em 2004 gravamos um CD demo chamado ‘A Escolha é Sua’ com 8 faixas”, afirma Rodrigo.
Os irmãos também já foram contemplados com o 2° lugar no projeto Novos Talentos do Sesi. Agora, em 2010 o “Expresso Verdade” promete ir além.
“Gravamos nosso primeiro clipe ‘Pé de Breque não tem Vez’ que já foi veiculado na televisão. Esse clipe tem um estilo agressivo, conscientizador, onde queremos fazer uma crítica social”, reflete Colosso, que também é produtor do grupo.
E eles não param por aí: até agosto provavelmente sai um CD oficial do grupo com 15 faixas de autoria própria produzido por Colosso e André Dazzo. “Isso para a gente é um sonho realizado e é importante para que mais pessoas conheçam o rap e o nosso trabalho”, ressalta Colosso.
Como se não bastasse isso, os irmãos construíram também um estúdio, o “Mó Esquema” onde abrem espaços para diferentes gravações. “O que nós fizemos foi nos dedicar ao máximo fazendo o melhor possível e conservando nossa família e filhos através de uma consciência possível e necessária nos dias de hoje”, afirma Rodrigo.
A música composta pelos artistas “Conquiste seus Objetivos” prova que eles estão no caminho certo. Vale a pena ouvir e conferir esse pessoal.

Informações: Dia 20 haverá o lançamento oficial do clipe “Pé de Breque não tem Vez” na antiga Santorini, Casa do Vale. Contatos “Expresso Verdade”: “Mo Esquema Studio”. Telefones: (14) 3413-5937 e (14) 9686-8401. mo_equema@hotmail.com O clipe “Pé de Breque não tem Vez” está disponível no Youtube.

quinta-feira, 4 de março de 2010

D. Rosa







fotos: Alexandre Lourenção



Lançamento
Livro de fotos retrata as memórias de D. Rosa
Lídia Basoli

Ao ver as caixas de fotos surgiu uma ideia: “tia, porque a senhora não faz um livro?”. A proposta veio do sobrinho de D. Rosa de Toledo César, 93 anos. A senhora já viajou muito e agora retrata o que conheceu em um álbum “Nas minhas andanças...eu vi”.
“Eu nunca pensei que fosse fazer um livro na vida. Imagine só? Com a minha idade? E agora está aí, fotos que eu tirei há tempos e recentemente. É uma benção”, ressalta a senhorinha.
D. Rosa já participou de mais de 47 exposições fotográficas, mas não gosta muito de cinema. “Sempre fui mais ligada na fotografia estática”, explica.
A história de como D. Rosa começou a fotografar é no mínimo curiosa. Conta que sempre gostou de fazer pose, sair em fotos. Até o dia em que pediu para uma amiga tirar uma foto dela na praia e apareceu apenas o pé na hora de revelar a imagem.
“Imagine como eu fique? (risos) Então a partir desse dia resolvi que eu mesma ia começar a tirar fotos, mas não das pessoas e sim das paisagens”, lembra.
E foi assim que D. Rosa viajou o mundo tirando fotos de paisagens e lugares inesquecíveis como o Egito, Argentina, Chile e Foz do Iguaçu.
E o marido? Ia junto? “Eu sempre fui solteira, mas namorei bastante. Então nunca devi satisfação a ninguém e sempre que podia, me mandava para algum lugar do Brasil ou do mundo. Por isso são os lugares que eu vi e que estão na minha memória”.
D. Rosa tem uma fé inabalável na vida e em Deus e isso transparece em suas falas e em seu olhar. “Eu sou muito agradecida por tudo que vivi e que vi na vida. Hoje eu não consigo mais ver as estrelas, mas ainda enxergo a Lua, sozinha no céu. Não posso me lamentar porque esse é o nosso caminho. Posso não ver mais as estrelas, mas me lembro muito bem delas e vivo da minha memória”, ensina.
Otimista, alegre e exemplo de vida, de superação, D. Rosa busca o melhor ângulo e salienta os detalhes com sensibilidade e olhar diferenciado.
No livro, cada foto vem acompanhada e enriquecida com comentários rápidos ou com curta e singela poesia da própria autora (sim, ela também é poetisa) ou do Pe. Héber Salvador de Lima.
O livro estava pronto em formato de “boneco” há aproximadamente 5 anos, mas D. Rosa procurava apoio para a edição e publicação. Um dia, em evento da APEM - Associação dos Poetas e escritores de Marília, D. Rosa conversou com o Sr. Luiz Ortolani Lacerda que se propôs a formatar e apresentar o projeto junto ao Ministério da Cultura.
Após aprovação, veio então a fase da busca de patrocínio e com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, D. Rosa conseguiu concluir o livro.
Mas os anjos, como diz D. Rosa, aparecem por todos os lados e ela ressalta que sem a ajuda de Minervino Ferreira da Silva e sua esposa Maria Helena, seus cuidadores, o livro não teria saído.
D. Rosa mora com a irmã de 97 anos, D. Ida e os cuidados de Ferreira e Helena são intensos. “Eu costumo dizer que esses meus filhos são muito humildes. Muito. Porque são anjos, mas teimam em guardar a todo momento suas asas”, diz emocionada a fotógrafa mais cheia de vida de todos os tempos.

Informações: Lançamento do livro “Nas minhas andanças...eu vi”. Sábado, dia 6 às 19h30 no Alves Hotel. Rua 24 de dezembro, 1236. Participem!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Cinema



















fotos: Alexandre Lourenção e Paulo Cansini

Magia
Sala de projeção é a alma do cinema
Lídia Basoli


O olhar de Totó para o projecionista Alfredo, no filme “Cinema Paradiso”, o clássico de 1988 do diretor Giuseppe Tornatore, explica o fascínio que o cinema exerce sobre as pessoas.
A sala de cinema é muito mais que as poltronas e a tela imponente frente ao espectador. Quando as luzes da sala se apagam, outra, interna se ascende: a da cabine de projeção, caixinha mágica que combina movimentos, imagens, som e muita técnica.
E é lá, em um trabalho solitário e muitas vezes exaustivo, que funcionários se revezam para fazer o show acontecer, assistindo um filme centenas de vezes, decorando falas, seqüências, ou mesmo atentando ao barulho do enorme carrossel que gira com um rolo imenso de filmes.
“Nós fazemos parte do espetáculo, arrumamos a estrutura para que a plateia assista com tranqüilidade aos filmes. É um trabalho solitário, mas ao mesmo tempo, prazeroso”, conta Adolfo Gomes, 22 anos, que trabalha nas salas do Cine Esmeralda em Marília.
“Eu não achei que fosse trabalhar como operador cinematográfico, mandei meu currículo e me chamaram. E eu gosto e muito do que eu faço porque é um tanto quanto mecânico, mas ao mesmo tempo humano porque lidamos com pessoas, apesar de operar uma máquina”, conta.
Cada uma das máquinas gigantes traz consigo uma história, que necessita, além de atenção, muita paciência e habilidade. Não são apenas máquinas, são luzes que projetam histórias de sonhos e risos.
Para que a máquina funcione perfeitamente bem, há necessidade de prestar atenção em cada parte de toda aquela estrutura, no tempo, na luz, na lente, onde o filme deve ser colocado e tantos outros minuciosos detalhes que só mesmo quem trabalha no ramo entende.
A cabine
No Cine Esmeralda, Adolfo e Claudinei se revezam nas três salas de cinema orientados por João Otávio, operador cinematográfico desde a época do Cine Peduti. “Foi lá que eu aprendi basicamente tudo o que eu sei, desde ‘colar’ os filmes, até rebubinar toda a película. E acredite: essa profissão vicia porque o processo não é apenas mecânico, é também físico e químico, mexe muito com a gente porque temos que ficar atentos a detalhes”, conta.
Outra cena do filme “Cinema Paradiso” pode exemplificar a fala de João: Alfredo exibe o filme para a plateia do cinema enquanto uma pequena aglomeração fora da sala pede que o filme não seja tirado de cartaz. Num passe de mágica, Alfredo mostra a Totó que é possível sim, através da técnica exibir o filme em outros espaços e projeta o filme também na rua, para a alegria do público. Aí a magia do cinema se torna ainda mais real.
“Eu ajudava a montar a cabine, o filme e tudo o que precisasse e ficava observando as pessoas sentarem naquelas 800 poltronas do Peduti, até encher o espaço de gente, foi uma época maravilhosa”, lembra João.
E quem lhe ensinou tudo isso, João? “Foi o senhor Carlito, que era operador cinematográfico desde a época do Cine Marília. Com certeza ele terá muita história para contar”, afirma.
José Carlos Pereira da Silva, 64 anos, fala pouco e baixo. Mas contou histórias interessantíssimas sobre a função de projetar filmes, alimentando ainda mais a ideia de que, sim, essa é uma profissão mágica e muito, muito solitária.
“Eu não tinha férias e muito menos tempo para namorar, então o jeito era trabalhar duro, e nos raros momentos de folga, aproveitar o descanso”, fala.
Vendo filme? “Não não. (risos) Isso eu já fazia muito, aproveitava dormindo ou saindo com os amigos”, relembra.
Antes os filmes eram exibidos em celulóide, o que acarretava grande risco de queimar. Hoje, em poliéster, os filmes chegam a sala de projeção em partes e são bem resistentes, diferentes de uma época em que a máquina de projeção era a carvão. “A gente corria um grande risco sendo projecionista, porque o filme ao esquentar poderia pegar fogo, o que raramente aconteceu, mas que era perigoso, era”, lembra Carlitos.
Marília está no centro da história do cinema do país. Se a própria história do cinema tem pouco mais de 100 anos, em Marília, existe em funcionamento, ainda que aos trancos, o primeiro Clube de Cinema do Brasil.
Outros sete cinemas existiram na cidade e desses, três fizeram história: o Cine Teatro São Luís, o Cine Marília e o extinto Cine Peduti. Para entender como esses cinemas funcionavam e a importância deles para a cidade, é necessário compreender que as cabines de projeções e dessa forma, seus projecionistas, foram peças importantes para manter essa magia na tela, na alma e nos corações dos amantes da sétima arte.
Contudo, os espaços hoje são diferentes; salas menores em shoppings formam o cenário do audiovisual em Marília. E o saudosismo? Existe?
O senhor Carlito garante que não. “Os tempos mudam e precisamos acompanhar o que tem acontecido na nossa era. Foi uma época muito boa enquanto trabalhei com isso, mas temos que entender que o cinema sempre será cinema e os projecionistas, pode perceber, continuam solitários levando luz à tela e ao coração das pessoas”.

*Agradecimento: Mauro Loureiro, responsável pelo Cine Esmeralda

Teatro



Teatro
Cia Teatral Linguagem Artística busca parcerias
Lídia Basoli


“Estamos na luta há 10 anos, que foi quando começamos aqui em Marília. Sabemos que para fazer teatro é necessário dar a cara a tapa, mas acredito que com parcerias ficaria mais fácil de fazer um bom trabalho”.
A frase é do ator, diretor e produtor teatral Emerson Zélio, que busca apoio para a sua companhia de teatro, a “Cia Teatral Linguagem Artística”. “Sabemos que fazemos um bom trabalho, mas eu acredito que a cultura e em se tratando aqui, o teatro, poderiam ser mais valorizados na nossa cidade, buscando formas de apoio, parecerias e patrocínio para que consigamos continuar realizando espetáculos”, ressalta o ator.
Para isso, Emerson cita a falta que o Teatro Municipal tem feito e também a necessidade de se pensar a cultura amplamente. “É diferente apresentar uma peça no Municipal, porque isso valoriza ainda mais nosso espetáculo, reafirmando o nome de Marília na cena artística, porque não dizer, nacional. Por isso, políticas culturais de fomento seriam extremamente necessárias”, ressalta.
Além disso, Emerson cita em números o que os espetáculos apresentados podem render. “Veja bem, temos uma média de 100 apresentações por ano. Se temos uma média de 300 pessoas por espetáculo, porque apresentamos muito também na região de Marília, é algo em torno de 30 mil espectadores anualmente. As empresas devem se conscientizar disso, pensar numa questão de que o apoio não é apenas em fazer panfletos e cartazes, mas sim associar seu nome a bons projetos”, fala.
O grupo tem sua sede no teatro do Seama há algum tempo, de onde conseguem tirar o sustento para fazer cada vez mais peças diferenciadas. “Nós priorizamos nossas autorias e também a adaptação de autores consagrados, como (Ariano) Suassuna e (João) Guimarães Rosa e somos extremamente gratos ao que o Seama tem feito por nós durante todo esse tempo. Se não fosse o teatro de lá, com certeza teríamos passado mais dificuldades”, conta Emerson.
Pela companhia já passaram diversos atores, e agora, em três artistas, eles buscam resgatar e valorizar o teatro na cidade, que nesses 10 anos de trabalho, deveria ser reconhecido de outra forma, de acordo com o próprio Emerson.
“É claro que deveríamos ter um apoio maior do poder público, viabilizar políticas culturais de qualidade também para o teatro, para os grupos que têm surgido em Marília, mesmo porque a divulgação em uma peça traz benefícios não apenas para quem apóia, mas também e principalmente para aquele que assiste”, afirma.
História
Nesses 10 anos de estrada a Companhia Teatral Linguagem Artística já apresentou 30 montagens para o mais variado público, desde as crianças até adultos, passando por montagens marcantes como a de Plínio Marcos “Dois Perdidos Numa Noite Suja” até “Sítio do Pica Pau Amarelo”.
“O que nós buscamos é diversificação, lançar a linguagem teatral no olhar, na sensibilidade do outro cada vez mais, pois o que fica de melhor é a imaginação, as possibilidades do criar, ousar e pensar transmitidas pelo teatro”, fala Emerson.
E não poderia ser diferente. O próprio Emerson, que fundou a companhia, se formou pelo curso livre CPT do Sesc São Paulo e aprendeu muita coisa não apenas nas escolas de teatro, mas assistindo peças e aprendendo mais a cada dia.
Natural de Terra Boa, próximo a Maringá, veio para Marília quando era criança e busca, ainda hoje, retribuir para a cidade tudo o que aprendeu na área teatral. “Para mim o reconhecimento do público é o que paga o trabalho do ator e várias crianças cresceram nesses 10 anos vendo nossas peças. Eu vou continuar fazendo o meu trabalho da melhor forma possível, mas acho que qualquer forma de apoio e parceria iria enriquecer e muito os projetos que temos em mente, levando o nome de Marília tanto para a região também quanto para outras partes de São Paulo e do Brasil”, acrescentou o ator.

Box
Quem quiser ser parceiro ou apoiar e conhecer os projetos da Cia Linguagem Artística deve entrar em contato com Emerson Zélio pelo email: emersonzelio@zipmail.com ou pelos telefones: (14) 9797-2368 ou (14) 3422-2118. Apóiem, divulguem e participem do Teatro!

Artes









fotos: Alexandre Lourenção
Realização
Vila das Artes: um espaço para criar
Lídia Basoli


Imagine um lugar todo colorido, cheio de flores, desenhos, cores e tinta. Agora junte a esse espaço várias pessoas querendo criar, usando a arte para pintar, esculpir e se emocionar. Imaginou?
Agora acrescente muito esforço, dedicação e amor. Pronto: aí estão os ingredientes do espaço Vila das Artes, uma casa que poderia ser chamada de “casa dos sonhos” de qualquer artista plástico.
A responsável por realizar esse “sonho” é a artista plástica Patrícia Muller, que insiste em dizer que, “se não fossem todas as pessoas que estão aqui, fazendo nossos cursos, minha família e amigos, esse sonho não teria virado realidade”.
É, sonhar junto é bem melhor. E o sonho deu certo porque cada vez mais crianças, adultos e a melhor idade reúnem-se na Vila das Artes para fazer arte! E o que é melhor: com muita alegria.
O espaço Vila das Artes existe há quatro anos, mas a ideia surgiu há oito, quando Patrícia começou a dar aulas em casa para as crianças da rua em que morava. “Foi acontecendo assim, meio que de repente e então eu percebi que o espaço que eu tinha, havia ficado pequeno. Daí eu resolvi acreditar nesse sonho e construir a Vila”, conta.
E mais pessoas acreditaram também. Na Vila das Artes há espaço para cursos de cerâmica, pintura em tela e madeira, mosaico, papietagem, feltro, patchwork, tecido e boneca.
O curso de Patchwork, por exemplo, é um caso a parte. Pessoas de todas as idades se reúnem orientadas pelas professoras Maristela Igawa e Maristela Oioli, transformando as ideias e a criatividade em algo paupável e além de tudo, muito bonito.
“Aqui é uma espécie de terapia, porque a gente se resolve e também faz amigos, além disso fazemos nossos lanches e conversamos muito. É um espaço muito agradável”, ressalta Eneida Genta de Oliveira Melo, de 62 anos que estava acompanhada da netinha Luísa, que também faz aulas.
Para Eneida, que também faz parte o “Clubinho”, uma espécie de grupo que se auto orienta nas aulas, o mais legal é perceber que tudo se transforma, da ideia ao resultado. “É muito emocionante perceber que podemos modificar, trazer algo novo e sempre tão belo e tão nosso, a gente sai daqui fortalecido”, diz.
As aulas de cerâmica também encantam a quem conhece o espaço, pois para as alunas, é uma realização pessoal trabalhar com argila e com a massa. “Há muito tempo eu queria fazer isso e não conseguia e agora percebo que trabalhar com argila é uma terapia sem limite porque é nosso, é a gente que faz e nos reconhecemos ali”, afirma a psicóloga Eliana Kellman, uma das alunas que é complementada pela dona de casa Vera Pellin. “É muito legal porque quando damos um presente a alguém como esse de argila é nós mesmos que fizemos, é nosso trabalho e daí o presente fica mais bonito ainda”, emenda.
A aposentada Fátima Borba ressalta a importância da vila. “Os meus netos vieram fazer cursos aqui, então eu conheci o espaço e me encantei na aula de cerâmica. É uma troca de energia muito boa entre nós, de experiências e amizade. É um compromisso que eu tenho comigo mesma, de vir e me sentir bem”.
E no curso de cerâmica em argila, as alunas têm um lema: “aqui defeito é efeito”, dizem em coro dando risada. Definitivamente, um lugar alegre e cheio de energia positiva.
“Aqui as pessoas entrem e se sentem em casa, ou melhor, na casa dos sonhos porque é tudo feito com muito amor. Então os cursos começam e novas famílias se formam. Isso não tem preço que pague”, finaliza Patrícia.

Informações: Vila das Artes. Rua Atílio Gomes de Mello, 64. Bairro Fragata. Telefone: (14) 3454-7345 http://mariliabaunilhaepatch.blogspot.com/

sábado, 30 de janeiro de 2010

Logan








A arte imita a vida
Quadrinista se inspira em filho para criar tirinhas
Lídia Basoli


E foi assim, meio que sem querer que uma série de tirinhas chamada “A Vida com Logan” começou a chamar a atenção na Internet de artistas e quadrinistas e também de pesquisadores e interessados no assunto.
Primeiro pelas figuras: uma criança extremamente criativa, um gato e um cachorro que se acabavam em brincadeiras e diversão. Além de um pai que geralmente aparece dando alguma ideia ou um fora qualquer. Segundo, pelo conteúdo que “A Vida com Logan” traz; divertido, simples e inteligente ao mesmo tempo.
Para quem lê essa tirinha pela primeira vez acredita na influência direta de Calvin e Haroldo, de Bill Watterson. “E não deixa de ser, pois eu sou fã de Calvin também”, conta o quadrinista Flavio Soares, responsável pela “A Vida com Logan”.
Mas a tirinha, cheia de histórias interessantes e fascinantes do cotidiano é mais do que isso. “Eu não sabia que ia dar essa repercussão toda, mas é gostoso ver que o trabalho que faço pode divertir, além de ajudar”, ressalta o desenhista.
“Mas como assim ajudar?” Vocês poderiam questionar.
A série “A Vida com Logan” é, aparentemente, recheada de histórias comuns do dia a dia de uma criança experta e cheia de criatividade. Mas o que a diferencia é que, o Logan, o personagem loirinho da tirinha existe. É o filho de Flavio que nasceu em 2004 portando Síndrome de Down.
Logan
“O Logan tem um cotidiano como o de qualquer outra criança, com uma sessão de fono, fisio ou terapia ocupacional no caminho (que Flavio retrata muitas vezes nas tirinhas). De resto, lhe damos as mesmas situações que uma criança sem a Síndrome de Down teria e ele se sai muito bem”, explica.
E foi o cotidiano com Logan que inspirou Flavio a fazer as tirinhas que como o próprio nome diz, falam da “Vida com Logan”, do Logan real, o loirinho “baixinho” que vemos nos desenhos.
Quando o Logan nasceu, Flavio começou a escrever um blog onde contava, ainda apenas em palavras, o dia a dia do Logan e as novidades da adaptação da vida em família entre tantas outras coisas.
Mas o blog foi tomando um espaço cada vez maior, porque mais e mais pessoas foram se interessando sobre o dia a dia do loirinho, as dificuldades, o aprendizado e as alegrias que pai e filho estavam vivendo.
E em março de 2009, o blog http://avidacomlogan.zip.net/ mudou de endereço, pois Flavio percebeu a necessidade de agora se expressar, ou melhor, desenhar as aventuras de Logan além de inserir também matérias e informações sobre a Síndrome de Down.
“O site aconteceu pela necessidade de expandir as histórias, o cotidiano e me expressar também de outra forma que não apenas as limitações que o blog me impunha. E as novidades foram surgindo aos poucos. A questão é que esse espaço maior na Internet me permitiu, além de divulgar as tirinhas, falar sobre a Síndrome de Down, o que é, as possibilidades e avanços. E isso é algo sobre o qual nunca estive atento e que agora faz parte do meu dia a dia desde que o Logan nasceu, tornando-se um aprendizado constante”, diz sobre o http://www.avidacomlogan.com.br/.
O site tem um espaço em que Flavio faz uma reflexão franca, sincera e risonha sobre a relação diária com esse loirinho apaixonante. “Ao final de tudo, ‘A Vida com Logan’ tenta ser um registro eletrônico da grande aventura chamada vida e do desafio de se criar um filho, tenha ele alguma síndrome ou não”, acrescenta Flavio.
Sobre “A Vida com Logan”
O Logan é um dos primeiros personagens de histórias em quadrinhos que possui Síndrome de Down. As tirinhas começaram a ser publicadas em março de 2009 no mesmo ano em que Maurício de Souza lançava um personagem também portador da síndrome.
“Desde 2008 eu estava pensando em levar ‘A Vida com Logan’ para o desenho, se bem que só agora acredito mais no meu traço (risos) e na possibilidade de fazer algum sentido. Mas sei que quanto mais a gente falar sobre a Síndrome em diferentes personagens e linguagens melhor é para as pessoas conhecerem, ainda mais alguém do porte do Maurício de Souza”, afirma o quadrinista que continua publicando.
Sobre a série, Flavio diz que gostaria de ter mais tempo para produzir, mas o artista trabalha também com diagramação e o dia a dia fica bem corrido. “Eu já trabalhei no Estúdio Quadrimix, do Franco de Rosa onde, basicamente, só produzia material para a Editora Nova Sampa. De lá eu fui pra Mythos, levado pelo mesmo Franco de Rosa, onde estou até hoje produzindo material tanto pra Mythos quanto para a Editora Panini. Como agora eu trabalho mais em casa, dá tempo também de aproveitar o tempo com o Logan e retratar o nosso dia a dia” relata.
Casado pela segunda vez e com um filho que está nascendo hoje, Flavio sabe que o site vem ajudando muita gente. Para o artista, a vida é um grande passeio, uma maravilhosa viagem que ele tenta expor no blog.
“Este blog, nada mais é do que uma busca para externar sentimentos e emoções através de palavras, uma vez que os gestos nem sempre são suficientes. Tento tratar isto como um passeio. Esforço-me para ser um passageiro. Tento me deixar levar pela percepção do Logan e do mundo ao seu redor”, discorre.
Para Flavio, o Logan, além de o incentivar criativamente, lhe trouxe também uma perspectiva diferente de vida; “o Logan me ajudou a ser gente, a olhar para as pessoas com mais amor e alegria”.
Enquanto a reportagem conversava com o Flavio, o loirinho, sim, o Logan da tirinha, pega o telefone e diz; “papá” meio que explicando que a conversa agora teria que parar porque era a hora do jantar. Com certeza, mais uma aventura iria começar.
Confiram “A Vida com Logan” e embarquem nessas tirinhas cheias de delicadeza, emoção, descobrimento e diversão.

Informações: http://www.avidacomlogan.com.br/ ou pelo email flaviosoarez@uol.com.br